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Caminhos da vida

Observe as pessoas ao seu redor e a si mesmo. Acredito que você poderá identificar várias delas que tentam seguir uma vida linear, com estudos e uma carreira bem definida, seguindo pelo caminho escola – faculdade – trabalho. No trabalho, fazem um esforço absurdo para serem promovidas e terem salários maiores. Acredito que essa seja uma boa maneira de viver, é um caminho seguro e que podemos prever o que virá pela frente, onde poderemos estar depois de alguns anos, e se tivermos determinada entrega, poderemos conquistar algumas posições e posses.

No entanto, vejo um problema nisso: nossos planos lineares não são compatíveis com o ritmo não linear da vida, e quando isso acontece, nos frustramos.

Vamos fazer um exercício de imaginar que a vida e a realidade são como uma música. Esta é tocada em uma determinada frequência, com vários tons agudos, graves e, muitas vezes, até sons desafinados e perturbadores.

Agora, vamos dizer que quem planeja uma vida linear tenta manter um ritmo harmonioso. Quando sobrepomos as duas músicas, podemos perceber que elas não estão nem de perto na mesma sintonia.

Acredito que a vida funcionará para todos, não digo boa ou má vida, apenas vida. Uns com mais ou menos aproveitamento, outros com muita ou pouca abundância de recursos e pessoas. Você vai concordar comigo que a vida sempre tem suas dádivas, bonanças, assim como seus revezes e tragédias.

Parece que mais importante do que manter um modelo de jornada linear ou “não linear” é sempre ser capaz de adaptar-se e ressignificar a realidade ao nosso redor. É fato que há forças e fatores maiores do que nós ao nosso redor, e quando, por exemplo, vem uma chuva que acontece a cada 1000 anos de uma só vez, você sendo o mais disciplinado ou o mais irresponsável, ela atingirá os dois da mesma forma.

O que fazer, então, a partir de pontos de inflexão como esse? Quando perdemos o chão e aquilo que nos dava segurança se vai, nos deixando à deriva ou à nossa própria sorte?

Cada um vai lidar de forma diferente. Uma rede de apoio ao redor, o quão forte você é emocionalmente, o quão grato e fiel você pode permanecer nos momentos difíceis vão ditar o rumo das suas decisões. A dor, o medo, a ansiedade sempre batem à nossa porta, mas acredito que abrir para elas é opção nossa. São nesses momentos que vejo que as pessoas adaptadas a uma vida não linear, sem a segurança do trabalho, por exemplo, podem se sair melhor, pelo fato de estarem acostumadas a isso. Observando quem decide por uma vida linear e planejada, quando algo sai do caminho, elas parecem ser incapazes de encontrar alegria no diferente. Diferente pode ser bom. Há um abismo entre planejado e executado, mas um não quer dizer bom e o outro ruim.

Acredito que você já teve muitas boas surpresas, e que essas superaram a sua imaginação. Pense agora que a realidade é muito mais criativa que você, e seu paradeiro e caminho podem ir muito além do que você planejou. Então, me parece que se você mantiver apenas a ideia de que o planejado é bom, você não poderá desfrutar das belezas da incerteza da vida, que tendo suas estações distintas, tempo para tudo, deixará de ver o que há de belo nela.