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Esse conceito é bem estranho, muito pouco usado fora de ambientes que se propõe a discutir sobre ele, mas o nome é bem sugestivo, quando lê-se “cosmo” em “cosmovisão” logo se pensa em espaço, universo, Cavaleiros dos Zodíacos, e na realidade é por aí mesmo.
No dicionário você encontrará algo como “visão de mundo”, para não ser tão raso quanto a esse termo, eu vou explicar o que é, e como isso influencia nossas vidas, e como expandi-la.
Cosmovisão é a forma em que você modela a realidade para conseguir entendê-la. Nossas percepções de mundo se dão primeiramente com o contato com nossos sentidos, olfato, visão, audição, tato e paladar. Somos seres sensoriais, então o mundo sempre vai passar por esses sentidos e então seremos capazes de “processar” o mundo através de um filtro próprio, que é a combinação dessas experiências, com a cultura ao nosso redor.
As coisas não são exatamente da forma que você imagina e pensa, nós geralmente criamos em nossa cabeça alguns modelos, moldes e formatos para conseguir entender o que acontece ao nosso redor.
O maior exemplo que me vem à cabeça é a própria língua. Alguns dizem que quando você aprende uma nova língua você aprende uma nova forma de ver a vida, isso porque a língua é a forma que as pessoas de uma cultura expressam seu ser e sua opinião ao mundo, assim como é o código que entendemos quando os outros falam quem são e suas opiniões.
Ou seja, quando você escuta a palavra “amor”, você logo pensa em seu significado para você, quem é a pessoa ou o objeto do seu amor. Na linguagem grega o amor pode ser escrito de 4 formas, erótico, fraternal, fileo e o agape. Todos são amores, quando eu vou dizer a algum parente que eu o amo, não diria “eu te amo”, diria “eu te fileo”, pois justamente a aplicação do “fileo” no lugar no “amo” corresponderia aquele tipo de amor, que é quebrado em 4 manifestações diferentes.
Acredito que podemos entender que isso significa, mas a compreensão disso e o entendimento é totalmente diferente, pois a cultura grega percebeu isso e transformou o amor entre pais e filhos, ou parentes em uma palavra com sentido próprio.
Usei tudo isso para explicar que quando qualquer informação que recebemos pelos nossos sentidos, será processado através da minha lente que construi em cima da minha cultura e escolhas, para então ser entendido por mim.
Praticamente em tudo. Vou extrapolar uma situação aqui apenas para deixar evidente o que quero dizer. Vamos voltar a mais ou menos 300 anos atrás quando o infeliz fato da escravização ainda ser legal, se você perguntasse para as pessoas para um inglês daquela época, “o que você acha das pessoas negras” provavelmente a resposta seria muito perturbadora, diferentemente do que é agora. Mas o que faz então um mesmo fato e realidade, como a escravização ser algo incentivado no século XVIII mas ser tão repugnante e repudiado nos dias de hoje? Justamente a cosmovisão.
Coloquei em nossa frente um ponto muito evidente de discrepâncias que mudaram completamente com o tempo, mas há coisas simples, como o de resolver problemas, como responder e receber as pessoas, como lidar com situações ruins, enfim várias situações que procedemos no dia a dia, por entendermos que aquele é às vezes o único jeito possível de fazê-lo, como ler e escrever da esquerda para direita, os japoneses não fazem assim, o mangá se lê de trás para frente, porque se escreve diferente de nós. Tenta você escrever de trás para frente para ver se é possível, não será, e nem fará sentido, porque nossa escrita não foi feita para ser dessa forma, ela faz sentido se for feita da esquerda para a direita.
Perceba que o ponto nesse caso da escrita não é se o japonês está certo e nós errados, é que aplicamos o que faça sentido de forma adequada em cada um dos casos.
Se alguém batesse na traseira do seu carro, o que você faria?
Se “sua conduta dirá sua essência”, poderíamos dizer que qualquer uma dessas condutas diz respeito a como sua cosmovisão, e como ela direciona a sua decisão em crises como essa.
Diria que muitos conflitos em casamentos por exemplo é justamente por conflitos de cosmovisões diferentes. Como os pais vão se decidir sobre o que é melhor para o filhos? Como vão orienta-los a agir frente a uma provocação na escola? Como vão lidar com o namoro deles na adolescência? É para deixar namorar, não é? É para ensinar que se deve usar preservativos porque não tem como evitar o inevitável? É proibir de sair de casa em festas de 15 anos?
Essas e outras situações são exemplos de situações que temos no nosso dia a dia, que são choques de cosmovisões diferentes, e provavelmente essa criança vai criar sua própria em cima do que seus pais fizeram ali.
Vendo por essa maneira, diria que a cosmovisão poderia ser desenhado como uma pirâmide, tipo aquela alimentar, em que temos a base larga, e um topo. A base serão os valores da pessoa que são construídos em casa, na escola, no trabalho, na sociedade em geral, ela é o filtro principal do que é bom ou não. Depois disso, o que vem acima são coisas do carater e do cotidianos que vamos obtendo, ou tirando aos poucos de nossas vidas, e a ponta seria talvez a conduta e a ação que tomamos com tudo isso, como é muito fina, pode ser trocada e mudada, mas a base dificilmente mudará.
Antes do como, vou para o por quê, e o porquê disso é que se tivermos a capacidade de aumentar nossa visão do mundo seremos pessoas mais habilidosas, capazes de passar por diversas situações favoráveis com melhor aproveito, e em situações desfavoráveis com menos perda. Seria como se você tivesse a habilidade de trocar suas ferramentas a todo momento de forma instantânea, e simultânea. Você tem uma chave na mão e um parafuso a sua frente, não importa qual seja o tipo, de fenda ou philips, sua chave sabe qual formato tomar para apertar ou soltar aquele parafuso.
Ou seja, quando você está no trabalho e tem um situação difícil, sua análise passará por:
Você não faz necessariamente todas essas perguntas todas as vezes que passa por alguma situação, ou pelas decisões que toma, como “para onde olhar quando estou na academia?”, essas coisas são automáticas, mas esse repertório está na sua cabeça, talvez no seu inconsciente, ou subconsciente, não sei, sei que é bem rápido, e a forma que você vai agir terá em algum momento passado por todos esses filtros e camadas, e então você terá sua conduta e ação.
Para então aumentar e ampliar a cosmovisão, a nossa forma de ver o mundo, podemos por exemplo conversar com as pessoas, “como você resolver isso ou aquilo”, ou “o que acha dessa situação” e ouvir com muita honestidade, para ver o que é bom e o que faz sentido para você.
Pode ser lendo algum livro, contato pensamento de outras pessoas nesse formato é bem comum para expandir a mente e o conhecimento. Você pode por exemplo fazer um intercâmbio, ir para uma experiência de trabalho ou estudo em que você é o estranho e não o comum. Ir à igreja, fazer alguma ação voluntária muito com uma proposta muito diferente do que você vive.
Deu para perceber que não vem de graça e sem estresse, é preciso de muito esforço, honestidade e vulnerabilidade para querer aumentar a cosmovisão, mas eu garanto que quando você assim o fizer, imediatamente você perceberá “como eu poderia pensar tão diferente antes”? Você literalmente será outra pessoa, e é uma verdade que só quem vive isso sabe. E garanto que você já teve algo do tipo, quando você olha para sua infância e adolescência, ou época de solteiro e lembra quais eram as suas certezas na época, ou como se comportava, acredito que você terá essa mesma impressão “como assim”?
Quem não garante que você está vivendo isso agora, agora, assim como antes, você está cheio de certezas e talvez com algumas dúvidas, o que é mais ou menos importante para você agora, será que vai continuar sendo? Se você perceber isso antes, e quiser ampliar sua cosmovisão, talvez perceba que sim, ou que não, mas isso só será possível se você se der o benefício da dúvida.