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Já ouviu falar de justiça climática? Pode parecer estranho, mas é um conceito novo que parece que veio para ficar. Para entender um pouco mais sobre esse termo, pensa que a mudança climática pode oferecer mais riscos a certos grupos que estão mais vulneráveis a enchentes, por exemplo. Talvez pessoas com menos renda aceitariam viver em áreas de risco, e assim, sofrem mais com essas mudanças.
Sendo o Brasil um país de escala continental, ele acaba tendo em si diversos efeitos das mudanças climáticas, desde chuvas intensas ao sul, a ondas de calor, e secas no nordeste, ou seja, segundo a justiça climática, é necessário pensar e debater formas de se prevenir que as pessoas, principalmente as de baixa renda, sofram tanto com os intempéries climáticos.
Os levantam a bandeira para a Justiça Climática, sempre trazem em pauta comunidades e grupos marginalizados, como as favelas, grupos remanescentes de quilombolas, populações ribeirinhas e indígenas, até mesmo mulheres negras. Para eles, esses são os grupos que mais sofrem quando há algum evento climático, justamente por estarem em locais de riscos, como em encostas, à beira de rios, e rodovias, por exemplo. São grupos que se colocam em risco por não terem recursos para construir de forma adequada seguindo as orientações de engenharia, uma vez que essa é uma mão de obra cara, e às vezes não tem condições de escolher onde vai morar, e acabam optando por fazer ocupações em lugares irregulares.
Isso mostra tanto um problema de moradia, quanto um problema de monitoramento da lei de uso e ocupação do solo, prefeituras por exemplo, não deveriam permitir que essas ocupações acontecem em locais de risco, porém, ao mesmo tempo, a lei sobre moradia é algo que é muito importante, então esse impasse acaba deixando as pessoas a sua própria sorte, e que aponta ser desastrosa em quando algum evento climático acontece.
Há muitos fatores que implicam nesse ponto, porque varios grupos da sociedade sofrem com eventos como o ocorrido no Rio Grande do Sul, no final de abril e começo de maio de 2024. Uma das maiores cheias dos rios da região afetou a todos, do mais rico ao mais pobre, do empresário ao empregado, seja homens ou animais, todos sofreram com a chuva. Mas parece que alguns grupos podem sofrer mais com as perdas, inclusive, a chance de se recuperar para alguns é diferente dos outros.
Cidades são complexas, são esse amontoado de pessoas que vivem em uma área urbana e exercem uma função de interdependências umas das outras, já que abandonaram a cultura de subsistência, e abraçaram carreiras profissionais definidas, em que um planta, outro vende, um constrói e outro cuida da saúde, e por aí vai.
Nessa complexa forma de organização e relação que temos em uma cidade, há também os desafios de alocamento de pessoas, muitas querem sair das área rurais e viver nesse ambiente, só que às vezes, a velocidade de pessoas que chegam às cidades é maior do que a cidade tem estrutura e capacidade de recebê-las, e nesse formato, acabam crescendo áreas de moradia e ocupação irregulares, que traz inevitavelmente seus inúmeros problemas sociais, inclusive o de vulnerabilidade às mudanças climáticas.
Para lutar e solucionar situações como essa, a justiça climática se propõe a trazer ao debate o conhecimento dessa pauta, e como pessoas de determinado grupo podem ser mais afetadas, principalmente onde a densidade populacional é muito grande.
Por isso, essa pauta levanta o papel das cidades em priorizar a redução de desigualdade, e levar recursos públicos para a instalação de saneamento básico, água limpa e tratada, assim como esgoto, transporte público de qualidade e condições de moradia segura e regular.
Para a justiça climática, essas pautas não são apenas ambientais, mas de direitos humanos, pois apesar de todos sofrerem com mudanças climáticas, eles apontam que as pessoas que mais sofrem com isso são as marginalizadas.
A solução não é tão simples a barata, mas parece que o primeiro passo para a justiça climática é levantar um chamamento a tomada de ação e consciência, dos governos, ongs e comunidades por exemplo, na busca da sustentabilidade, diminuir a desigualdade e combater o racismo climático, que para eles é evidente, quando pessoas prejudicadas pelas mudanças climáticas, são em alguns casos, pobres e negras.