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Resenha A sutil arte de ligar o f*da-se

Esse livro do Mark Manson foi muito disruptivo para mim. A começar pelo título, ele te põe algumas dúvidas sobre a seriedade do autor e do conteúdo. Ninguém quer chegar ao ponto de ser irresponsável e ligar o f*da-se para tudo. Mas devo dizer que esse livro me surpreendeu, e vou contar por quê e como foi a leitura.

Estava cansado de ler livros que transmitiam uma ideia triunfalista, de que a vida é simples, que basta você querer e ter determinação o suficiente, que de uma semana para outra você estará milionário. Ou seja, se você ainda não está rico, é porque você não quis.

Pense nos anos 2020, em meio a uma pandemia, lidando com uma grande quantidade de emoções diferentes, provavelmente algumas até novas para você. Medo constante de perder o emprego ou algum ente querido, ouvindo essas mensagens que trazem uma perspectiva de vida fácil. Rapidamente, eu me aborreci com essa enxurrada de informações simplistas.

Esse livro realmente limpou a minha alma, não porque liguei o f*da-se para o caos e a pandemia que estavam acontecendo, mas porque tirou um peso das minhas costas e me fez ter uma visão e perspectiva mais justa comigo mesmo, com a realidade que vivo e estou inserido. Parece que na vida há o que podemos e o que não podemos mudar, e aceitar isso, saber os seus limites, é importante para justamente direcionar o seu foco, energia e tempo para onde você consegue ser mais efetivo nos seus resultados. Porque do contrário, você estará direcionando seus recursos, que são limitados, em coisas que não vão mudar para você.

O que Mark Manson quer dizer com ligar o f*da-se?

Ele não quer que deixemos de nos importar com as coisas, pois “isso é o que psicopatas fazem”. Mark propõe que guardemos energia para o que de fato importa e o que temos controle ou acesso.

No livro, o autor deixa claro que não é autoajuda e nem é para nos fazer ganhar mais dinheiro, mas é um livro para nos chamar a atenção para nossas mazelas, e que sejamos ricos ou pobres, todos têm alguma situação ruim para lidar, ou algo que tentamos esconder. Precisamos lidar com todas elas como adultos, com sinceridade, enfrentando e não fugindo. Isso começa na auto percepção de suas fraquezas.

O escritor sem talento

A primeira história do livro eu consigo me lembrar muito bem. É a história de um escritor muito fracassado, cheio de vícios e alcoólatra, além de não se destacar na sua profissão. Ele viveu muito tempo um estilo de vida meio “merda”. Conseguiu, por pena, um trabalho de colunista em que ele colocava sua vida “merda” para todo mundo ver, e isso o deixou rico depois de um tempo.

Mark chama a atenção para essa história pois não foi uma pessoa virtuosa e disciplinada que conseguiu riqueza. Foi o oposto: era alguém que sabia quem era, sabia de seus problemas e limitações, encarou isso da forma que ele conseguia na época, encontrou um público que se identificava com ele pela sinceridade e vulnerabilidade, e por fim, fez uma riqueza. Todavia, o prêmio que ele obteve não o transformou em uma pessoa melhor, ele era o mesmo homem cheio de vícios, só que agora com dinheiro. Só que não dá para negar que ele ao menos teve o mérito de achar uma audiência e também a coragem de se expor.

O que ele me ensinou então nessa história? Me mostrou que ser autêntico, saber quem você é, o estado em que se encontra e não ter vergonha disso é o primeiro passo para mudar de vida. Se enganar e fugir disso só vai atrasar sua mudança de vida. Você precisa ter a consciência do seu estado para começar a mudar, ou ao menos saber onde se posicionar e como se comportar. Aos poucos, você vai se balizando até outra fase da sua vida.

O ciclo vicioso infernal

Basicamente, ele fala que nos colocamos em ciclos de auto sabotagem, que é esse looping infinito de emoções, ansiedade e depressão que cada vez mais nos arrasta para o buraco e nos impede de nos movimentarmos e reagirmos à vida. Há uma frase famosa que diz “um abismo gera outro abismo”. Quando estamos mal e num buraco, não nos vemos com força para sair justamente porque estamos mal e num buraco, e isso nos preocupa por estar dessa forma. Ficamos assim por anos se deixarmos.

Para sairmos desse ciclo, precisamos ligar o f*da-se e aceitar que a situação “merda” em que estamos é provavelmente por nossa causa e “está tudo bem”. Você se levanta, bate a poeira do corpo, ressignifica as coisas de sua vida e tenta. Aos poucos, você mesmo se conduzirá fora desse buraco, ou se colocará em uma posição de sair dele.

Várias outras histórias são contadas no livro, algumas do próprio Mark, amigos e parentes, histórias famosas de terceiros e até mesmo uma outra de um personagem que ele criou, o poderoso e famoso “Panda da Desilusão” que é um agente da verdade. Ele joga a realidade dura e pesada na sua cara: “como você quer isso se você não faz nem aquilo”, “como ter resultados diferentes fazendo as mesmas coisas”.

Resumo e conclusão

Em resumo, o livro “A sutil arte de ligar o fda-se” vai no contrassenso de chegar à felicidade e a uma paz de espírito aceitando que a vida realmente é dura, difícil, pode ser às vezes uma “grande merda” e injusta. Ligar o fda-se é o antídoto e o remédio que vai te anestesiar dessas situações, vai colocar seus pés no chão, e te dará tranquilidade para achar um caminho que seja viável para você.